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O contacto com o monóxido de carbono ocorre por inalação em locais, geralmente interiores (corresponde a mais de 80% da exposição, sendo que parte do monóxido de carbono presente nestes locais é proveniente do ambiente externo), onde as pessoas passam o tempo, por isso as concentrações de monóxido de carbono nesses espaços são um fator determinante para estimar a exposição total de um indivíduo ao monóxido de carbono. [4]
O monóxido de carbono do ambiente é formado essencialmente pela combustão incompleta de combustíveis contendo carbono e reações fotoquímicas na atmosfera. [4]
A maior exposição ao monóxido de carbono ocorre dentro dos veículos, sendo que o elevado tempo decorrido em viagens e concentrações altas presentes em ruas muito movimentadas, ou perto destas, e dentro de parques de estacionamento aumenta muito o contacto com este gás [4] (podem ser facilmente encontrados valores de 25 ppm nas ruas principais de áreas urbanas, e pode chegar a 100 ppm durante inversões climáticas) [3]. Porém, é de salientar que tanto os valores ambientais como as concentrações atingidas dentro dos veículos diminuiu significativamente nas últimas décadas. [4]
Indivíduos com doença cardíaca coronária são a população para a qual as evidências atuais indicam efeitos na saúde que ocorrem com exposições menores e que desenvolvem mais efeitos a curto prazo. Os estudos indicam ainda um potencial para outras condições cardiovasculares subjacentes, em especial outros tipos de doenças cardíacas, contribuírem para a suscetibilidade aos efeitos do monóxido de carbono. Outras populações potencialmente em risco incluem aqueles com a doença pulmonar obstrutiva crónica, anemia, ou diabetes, e aqueles em estágios de vida pré-natal ou idosos. [4]
Tabela 1 - Relação estimada entre a concentração de monóxido de carbono (CO) e a concentração de carboxihemoglobina (COHb). [3]
Figura 1 - Relação entre a percentagem de monóxido de carbono no sangue e os sintomas mais típicos desencadeados.
Parâmetros de avaliação de risco
A gravidade da intoxicação por monóxido de carbono depende, principalmente, da duração da exposição, da concentração, e do estado de saúde do indivíduo. [1]
A percentagem de carboxihemoglobina é comumente usada e é considerado o melhor biomarcador atualmente disponível para avaliação da exposição ao monóxido de carbono e potenciais efeitos na saúde (tabela 1), porém ele não é um parâmetro muito confiável pois a sua medição é muitas vezes afastada no tempo e a extrapolação baseada no tempo de semivida não é muito fiável neste caso, devido à presença de várias variantes fisiológicas. [1] Estão, por isso, a ser estudados outros biomarcadores, como a troponina e S100β, que demonstram ser indicadores úteis do dano cardíaco e cerebral e possuírem significância prognóstica. [1,2]
Os primeiros sintomas da toxicidade do monóxido de carbono ocorrem normalmente a concentrações de carboxihemoglobina maiores que 15% (os valores basais de indivíduos não fumadores encontra-se por volta de 0,7-1,5%). Com níveis entre 30-40% ocorre frequentemente colapso e entre 50-60% perda da consciência (figura 1). A morte ocorre após 2 horas com níveis de carboxihemoglobina entre 60-70% ou alguns minutos se entre 90-100%. [2,3]
No Reino Unido os limites de exposição ocupacional permitidos são fixados no sentido de evitar uma concentração de carboxihemoglobina superior a 5% em indivíduos saudáveis e não fumadores. A exposição máxima aceitável é de 200 ppm por 15 minutos (limite de exposição de curta duração) ou 30 ppm por 8 horas (média ponderada de tempo). Há fontes que sugerem que em casos de necessidade é possível tolerar concentrações de monóxido de carbono de 200 ppm por tempo indefinido, mas superior a 24 horas, sem ocorrer colapso, que acontece se atingidas concentrações de 300 ppm (tabela 2). [3]
Tabela 2 - Sintomatologia e exposição ao monóxido de carbono.[3]
Referências:
[1] Chiew A, Buckley A: Carbon monoxide poisoning in the 21st century. Critical Care, 2014, 18(221)
[2] Dubrey S, Chehab O, Ghonim S: Carbon monoxide poisoning: an ancient and frequent cause of accidental death. British Journal of Hospital Medicine, 2015, 76(3)
[3] Leigh-Smith S: Carbon Monoxide Poisoning in Tents—A Review. Wilderness and Environmental Medicine, 2004, 15: 157-163
[4] Quantitative Risk and Exposure Assessment for Carbon Monoxide – Amended. United States Environmental Protection Agency, 2010
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