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Tratamento

Figura 1 -  Suporte Básico de Vida com máscara de proteção

Enquanto que a respiração com ar normal demora cerca de 300 minutos a deslocar o monóxido de carbono da hemoglobina, o uso de máscaras faciais não reinalantes com pressão de oxigénio a 100% reduz o tempo deste processo a 90 minutos. A oxigenação hiperbárica é ainda mais eficaz, pois em apenas 23 minutos consegue remover o monóxido de carbono da hemoglobina.
 
Apesar de se ter identificado uma redução do tempo de semivida da carboxihemoglobina circulante aquando da administração simples de oxigénio, não há consenso por parte dos toxicologistas e pessoal de saúde no que diz respeito à quantidade e ao tempo de oxigenoterpia.
 
Contudo, pelo facto de haver diminuição do tempo de semivida da carboxihemoglobina, o uso de oxigénio hiperbárico é indispensável para o tratamento de intoxicações moderadas a graves por este gás.
 
A administração de oxigénio hiperbárico é feita em câmaras específicas hiperbáricas, que atuam a pressões de 2,5 a 3 atmosferas, por períodos de 60 a 100 minutos. [3,4]

 

O tratamento tem como principal base, a realização do suporte básico de vida:
  • Manutenção e proteção da premeabilidade das vias aéreas;
  • Assistência ventilatória e cardiovascular.
 
Em muitos dos casos, o tratamento passa ainda pelo tratamento de outras lesões associadas, principalmente, traumas e queimaduras que são comuns em casos de intoxicações por monóxido de carbono em incêndios.
 
Uma vítima de intoxicação por CO deve ser encarada como uma vítima grave e a avaliação incial e a reanimação são necessárias. A vítima deve ser imediatamente deslocada para um ambiente isento de monóxido de carbono e deve receber oxigénio pelo socorrista para deslocar o monóxido de carbono da hemoglobina. O socorrista não deve, contudo, proceder ao socorro da vítima sem uma proteção individual adequada, com o intuito de não se contaminar a ele próprio.
 
A administração de oxigénio pelo socorrista ainda antes do deslocamento para o hospital mostra apresentar resultados mais promissores quanto mais precocemente este for administrado. A administração deve ser realizada até que os valores de carboxihemoglobina desçam a 10% ou menos. [1,2]

 

Figura 2 - Eliminação da carboxihemoglobina com várias terapias de oxigénio. (a) eliminação teórica da COHb após remoção do local da intoxicação e iniciação com oxigénio hiperbárico vs. outras terapias; (b) eliminação da COHb após remoção do local de intoxicação e ínicio de administração de oxigénio hiperbárico ao fim de 2 horas.

Os candidatos para iniciarem oxigenoterpia hiperbárica são as vítimas com maior risco de morbilidade e mortalidade, nomeadamente, as grávidas, as vítimas com disfunções cardiovasculares e aquelas que manifestam sinais severos de intoxiação, tais como: inconsciência (qualquer que seja o período); danos neurológicos (confusão mental, défice cognitivo, convulsões, distúrbio visual e qualquer anormalidade na escala de Glasgow com score <15*); acidose severa; e sinais neurológicos persistentes (ataxia, cefaleia, vertigem e confusão mental).
Pacientes com 25-30% de carboxihemoglobina são geralmente tratados com oxigenoterapia hiperbárica.
 
Fisiologicamente, os fetos apresentam níveis maiores de CO, isto porque, a hemoglobina fetal (HbF) apresenta uma afinidade muito maior para o CO. Em casos de intoxicação da mãe com CO, a percentagem de oxigénio libertado pelo sangue materno ao sangue fetal diminui significativamente e, a percentagem de oxigénio libertado do sangue fetal aos tecidos fetais diminui ainda mais. Sendo assim, uma mulher grávida com níveis superiores a 10% devem ser tratadas com oxigenoterapia hiperbárica. [5]
 
 
De uma forma geral, a oxigenoterpia, com oxigénio hiperbárico, usado de forma racional tem vantagens:
 
  • reduz os níevis de carboxihemoglobina de forma mais rápida (32 minutos);
  • reduz a pressão intracraniana e o edema cerebral por induzirem vasoconstrição cerebral prevenindo sequelas neurológicas tardias;
  • dissocia de forma mais rápida o monóxido de carbono do citocromo aa3/C presente na membrana respiratória das mitocêndrias;
  • desempenha um papel importante com ação antagónica nas lesões oxidativas que ocorrem após um processo de oxigenação decorrentes de uma intoxicação.
 
Em casos de intoxicações crónicas, o tratamento deve ser ajustado face a esta situação. Deve-se informar o paciente da origem dos seus sintomas e de que forma o mesmo pode evitar entrar em contacto com esse gás tóxico. Nestes pacientes, deve-se realizar oxigenoterpia com 100% de oxigénio para reduzir as sequelas neurológicas desenvolvidas e, se possível, o uso de oxigénio hiperbárico é recomendado. [5]
 
A oxigenoterapia hiperbárica pode demonstrar-se ser complicada de realizar em casos de baurotrauma, edema pulmonar e calustrofobia.
 
 
*Escala de Glasgow - Escala médica usada para prever o estado de consciência do paciente, para mais informações, clique aqui.

Figura 3 - Câmara hiperbárica para realizar oxigenação hiperbárica

Referências:

 

[1] Medscape. Carbon Monoxide Toxicity Treatment & Management. Shochat GN. Janeiro 2015. Disponível em: http://emedicine.medscape.com/article/819987-treatment#a1126 (acesso 18 de Maio de 2015)
[2] Medscape. Carbon Monoxide Toxicity Treatment & Management. Shochat GN. Janeiro 2015. Disponível em: http://emedicine.medscape.com/article/819987-treatment#a1156 (acesso 18 de Maio de 2015)
[3] Buckley NA, Juurlink DN, Isbister G, Bennett MH, Lavonas EJ: Hyperbaric oxygen for carbon monoxide poisoning. The Cochrane Database Systematic Reviews, 2011, 13(4): CD002041
[4] Chiew AL, Buckley NA: Carbon Monoxide Poisoning in the 21st Century. Critical Care 2014, 18(2): 221
[5] Ivan Blumenthal: Carbon Monoxide Poisoning. J R Soc Med 2001, 94(6): 270-272
 

Imagens:

 
Figura 1 - http://www.helplink.com.br/noticias/wp-content/uploads/2011/09/Reanimacao.jpg
Figura 2 - Adaptado de Chiew AL, Buckley NA: Carbon Monoxide Poisoning in the 21st Century. Critical Care 2014, 18(2): 221
Figura 3 - http://longbeachhyperbaricmedicine.com/files/Hyperbaric_chamber_image.jpg
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